É
comum um candidato, em campanha eleitoral, chegar na casa de um eleitor e,
depois de conversas indo e vindo, lançar a frase bastante conhecida: Venho lhe pedir um voto de confiança. Essa
frase trás um certo incomodo pela ação
implícita no “voto de confiança”. É justo entender que o substantivo
confiança, segundo o dicionário, diz respeito a: ¹Segurança íntima de
procedimento, ²Crédito, fé, ³Boa fama.
Pois
bem, em pleno tempo de massiva corrupção,
sabotagem, interesses próprios e conquista de dinheiro fácil no campo da
política, como depositar fé, segurança, crédito em alguém para que este faça valer o “voto de
confiança” no Congresso Nacional? Essa questão preocupa a muitos e muitos são
aqueles que acreditam que não há mais solução e com um simples “Confirma” na
urna eletrônica as coisas não são capazes de mudar, além disso, outros tantos
pensam que todos, repito, todos os políticos são iguais e não há opção para uma
mudança concreta.
Confiar
a alguém o voto exige algumas análises, a primeira é fazer uma pesquisa da vida
publica e política do candidato verificando se este vem trabalhando e atuando
de forma coerente com as necessidades do Brasil. Votar em pessoas que tem um
histórico sujo é dar vez à corrupção e aos desvios de dinheiro público no país.
Examinar se as propostas do político condizem com os valores que você defende
também é essencial. Por exemplo, não se pode votar em políticos que não lutem
pela vida, pela defesa do meio ambiente, pela busca por justiça e igualdade
social, pelas conquistas dos mais pobres, pelo respeito a religiosidade do
povo, por saúde e educação dignas se estes forem fatores que você deseja ver
acontecendo em cada cidade.
A
Igreja Católica, diante dessa situação, vem promovendo vários debates e
discursos para construir uma política justa em nosso país. Um exemplo disso é a
Lei da Ficha Limpa (Lei 135/210) um fruto da sociedade brasileira bastante
incentivado pela Igreja. Muito além disso, Papa Francisco sempre nos alerta
sobre a participação do cristão na política afirmando que ¹“para o
cristão, é uma obrigação envolver-se na política. Nós, cristãos, não podemos
(jogar a fazer o Pilatos) lavar as mãos. Não podemos! Devemos envolver-nos na
política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca
o bem comum”. A CNBB sempre publica artigos,
vídeos buscando orientar as pessoas na escolha do voto e pondera que ²“a decisão consciente de votar em candidatos
que representem os valores cristãos é um passo importante, mas não é o único. É
preciso que, como cristãos, continuemos a contribuir para que haja um diálogo
que aponte às mudanças necessárias na consolidação de uma cidadania inclusiva,
de modo a garantir que a sociedade possa participar e exercer democraticamente
o poder político”.
Quanto
à falta de confiança depositada por muitos eleitores é preciso entender que
encontrando pessoas de bem que se engajem na política de forma direta
(presidente, deputado, governador, prefeito, etc.) ou indireta (eleitor,
cidadão comum) haverá esperança de novas atuações e modelos eficazes que
realmente atinjam as expectativas do povo brasileiro.
Por: Meire Souza
Pascom Uauá
¹ PAPA FRANCISCO. Respostas do Santo Padre Francisco
às perguntas dos representantes das escolas dos jesuítas na Itália e na
Albânia. Vaticano, jun. 2013. Disponível em
<http://www.vatican.va/holy_father/francesco/
speeches/2013/june/documents/papa-francesco_20130607_scuole-gesuiti_po.html>.
Acesso 10.09.2014
² CNBB.
Pensando o Brasil: desafio diante das eleições 2014. Disponível em < http://www.cnbb.org.br/>. Acesso
13.09.2014